Era uma vez um príncipe que viajou pelo mundo inteiro à procura da princesa ideal para se casar. Tinha que ser linda e de sangue azul, uma verdadeira princesa!
Mas depois de muitos meses a viajar de país em país, o príncipe voltou para o seu reino, muito triste e abatido pois não tinha conseguido encontrar a princesa que se tornaria sua mulher.
Numa noite fria e escura de inverno, quando o príncipe já pensava ser impossível casar com uma princesa, houve uma terrível tempestade. No meio da tempestade, alguém bateu à porta do castelo. O velho rei intrigado foi abrir a porta. Para sua surpresa, se deparou com uma bela menina completamente molhada da cabeça aos pés.
A menina disse: “poderei passar a noite aqui no seu castelo, senhor? Fui surpreendida pela tempestade enquanto viajava de volta para o meu reino. Estou com fome e frio e não tenho onde ficar…”.
O rei desconfiado perguntou: “Você é uma princesa?” – A princesa respondeu timidamente: “Sim, senhor”.
“Então entrai, pois seria imperdoável da minha parte deixar-vos lá fora numa noite como esta!” Respondeu o rei, não muito convencido de se tratar mesmo de uma princesa.
Enquanto a princesa se secava e mudava de roupa, o rei informou a rainha daquela visita inesperada. A rainha pôs-se a pensar e, com um sorriso malicioso, disse: “vamos já descobrir se ela se trata de uma verdadeira princesa ou não…”.
A rainha subiu ao quarto de hóspedes onde ia ficar a princesa e, sem ninguém ver, tirou a roupa de cama e colocou por baixo do colchão uma ervilha. De seguida, colocou por cima da cama mais vinte colchões e edredões e, finalmente, a roupa de cama.
Então, desceu a escadaria e dirigiu-se à princesa, apresentando-se, e dizendo amavelmente: Já pode subir e descansar. Amanhã falaremos com mais calma sobre a menina e o seu reino…
A princesa subiu e deitou-se naquela cama estranha que mais parecia uma montanha!
Na manhã seguinte, a princesa desceu para tomar o pequeno almoço. O rei e a rainha já estavam sentados à mesa. A princesa saudou os reis e sentou-se. Então a rainha perguntou: Como passou a noite, princesa?
A princesa respondeu: “Oh, a verdade é que não consegui dormir nada naquela cama tão incômoda… senti alguma coisa no colchão que me incomodou toda a noite e deixou o meu corpo todo dolorido!
O rei levantou-se e, muito ofendido, exclamou: “Impossível! Nunca nenhum convidado se queixou dos nossos excelentes colchões de penas!
Mas a rainha interrompe-o e disse com um sorriso: “Pode sim!” E explicou ao rei o que tinha feito para ver se realmente se tratava de uma princesa ou alguém a querer enganá-los.
A rainha levantou-se e disse a todos:” Só uma verdadeira princesa com uma pele tão sensível e delicada é capaz de sentir o incômodo de uma ervilha através de vinte colchões e edredões!”.
O rei e a rainha apresentaram a princesa ao seu filho, o príncipe, e ele, mal a viu, ficou logo perdido de amores.
Ao fim de alguns dias, o príncipe casou com a princesa, com a certeza de ter encontrado finalmente uma princesa verdadeira que há tanto tempo procurava.
A partir daquele dia, a ervilha passou a fazer parte das joias da coroa, para que todos se lembrassem da história da princesa ervilha.
A Jornada do Príncipe e o Valor da Verdadeira Essência
Era uma vez um príncipe que, como muitos jovens de seu tempo, acreditava na idealização do amor. Em sua mente, a mulher com quem deveria se casar precisava não só de beleza, mas de sangue real, alguém cuja origem fosse tão nobre quanto a sua própria. Esse príncipe, com sonhos grandiosos e olhos voltados para o horizonte, decidiu viajar pelo mundo em busca da mulher que se encaixasse nessa visão de perfeição. A viagem, por longos meses e através de terras distantes, o encheu de esperança, mas, ao fim, sua jornada parecia não ter produzido o resultado esperado. Ele retornou ao seu reino frustrado, com a sensação de que aquilo que buscava talvez não existisse. Quantos de nós, em nossa própria vida, já não nos sentimos assim? Em busca de uma perfeição e completude que talvez esteja além do alcance?
O destino, porém, tem formas curiosas de se manifestar, especialmente para aqueles que carregam em si a genuína vontade de encontrar algo verdadeiro. Numa noite fria e turbulenta, uma tempestade desabou sobre o reino, trazendo consigo não só ventos e trovões, mas também uma visitante inesperada. Em meio à escuridão e ao ruído incessante da tempestade, alguém bateu à porta do castelo. O rei, já um homem experiente e cheio de desconfiança – talvez pelas lições que os anos lhe ensinaram – abriu a porta e se deparou com uma jovem completamente molhada. Ela parecia ter saído diretamente do coração da tempestade. A jovem, com delicadeza e humildade, pediu abrigo. Explicou que era uma princesa em viagem e que, surpreendida pela tempestade, havia perdido o caminho.
Ora, a primeira reação do rei foi de incredulidade. Como poderia uma princesa estar sozinha, exposta ao vento, ao frio e à chuva, sem um séquito ou sinal de sua nobreza? Seria ela realmente quem dizia ser? A suspeita era compreensível; quantas vezes julgamos a aparência ou a fragilidade momentânea dos outros, subestimando o valor que está dentro deles?
Ainda que desconfiado, o rei, em um gesto de compaixão e hospitalidade, permitiu que a jovem princesa entrasse. Mandou que ela se aquecesse e, enquanto isso, foi até a rainha para informá-la da inesperada hóspede. A rainha, mulher de grande perspicácia e sagacidade, teve uma ideia um tanto peculiar. Para ela, a melhor forma de testar a veracidade das palavras da jovem seria colocar sua sensibilidade à prova. E, assim, sem anunciar seu plano a ninguém, a rainha subiu ao quarto de hóspedes. Sob os vários colchões que ali estavam, ela colocou uma pequena ervilha. Uma ervilha, que é um detalhe quase insignificante, mas que, para alguém de extrema sensibilidade, poderia representar um desconforto incomum.
Após a preparação do quarto, a rainha se dirigiu à jovem, com um sorriso gentil, e disse: “Descanse, menina. Amanhã falaremos com mais calma sobre você e o seu reino.” Mal sabia a princesa que sua verdadeira nobreza estava prestes a ser testada.
Ao amanhecer, todos se reuniram à mesa do café da manhã. Havia no ar uma curiosidade silenciosa; o rei e a rainha estavam ansiosos para ouvir da jovem como havia sido sua noite. A rainha, por fim, perguntou: “Como passou a noite, princesa?” E, para surpresa dos presentes, a resposta foi sincera e reveladora. A jovem princesa confessou que havia tido uma noite difícil. “Não consegui dormir bem. Algo no colchão parecia estranho; meu corpo ficou todo dolorido.” Esse desconforto, que qualquer outra pessoa poderia ter ignorado, foi sentido profundamente pela princesa. A rainha, sorrindo com ar triunfante, explicou ao rei seu pequeno experimento: só uma verdadeira princesa, de sensibilidade tão aguçada, poderia ter percebido o incômodo de uma ervilha sob tantos colchões.
Essa história, carregada de simbolismo, nos convida a refletir sobre o valor da essência. Não se trata apenas da origem ou do título que alguém ostenta, mas daquilo que está dentro, nas profundezas. A sensibilidade da princesa se revelou não como uma fraqueza, mas como um traço de autenticidade, algo que ultrapassa a mera aparência.
Logo após esse momento de revelação, o príncipe, que já havia procurado tanto por uma verdadeira princesa, encontrou nela tudo o que desejava. A jovem, sem grande ostentação, mostrou, por meio de um detalhe, sua essência delicada e autêntica. Foi o suficiente para que o príncipe a visse como a companheira que tanto buscara. Eles se casaram, e a pequena ervilha, protagonista de uma prova inusitada, foi guardada entre as joias da coroa. Não por seu valor material, mas por aquilo que simbolizava: a importância da autenticidade e da verdadeira essência que habita cada um de nós.
Essa fábula fala mais do que de realeza; fala da busca que todos temos por algo genuíno, por uma conexão que vá além das aparências e toque o essencial. Em um mundo que frequentemente valoriza o externo e o superficial, a história da princesa e da ervilha lembra-nos de olhar além das camadas, de buscar a profundidade, de dar importância ao que realmente é verdadeiro. Pois, afinal, não é a superficialidade que define quem somos, mas nossa capacidade de perceber e agir com autenticidade diante da vida.