Nada é impossível a quem pratica a contemplação. Com ela, tornamo-nos senhores do mundo.
A primeira virtude cardinal diz que se deve reverenciar e amar todas as formas de vida, a começar por nós próprios.
Amando a nós mesmos podemos fazer com que esse amor cresça e atinja todas as outras formas de vida.
A natureza não é benévola, e é com determinada indiferença que de tudo se vale para os seus fins.
Neste mundo, dependemos de outras formas de vida para a nossa própria sobrevivência e é por isso que devemos tratá-la com respeito e gratidão.
Para a doutrina taoista, tudo está conectado e ao tratar com bondade o planeta, recebemos o mesmo de volta.
A contemplação é um exercício de transformação. Ela nos permite transcender as limitações impostas pelo imediatismo e nos convida a mergulhar na essência do mundo ao nosso redor. Através dela, conquistamos a verdadeira soberania sobre nossas ações e emoções, conectando-nos com algo maior: a vida em todas as suas formas.
A primeira virtude cardinal, frequentemente esquecida em um mundo de excessos, é a reverência à vida. Essa prática começa no íntimo: o amor por si mesmo. Ao nutrirmos esse amor interno, plantamos as sementes para que ele floresça em todas as direções, alcançando pessoas, animais, plantas e até o ambiente que nos sustenta. É um ciclo virtuoso onde o amor próprio se torna amor universal.
A Indiferença da Natureza e a Responsabilidade Humana
A natureza, em sua grandiosidade, não é benévola nem cruel; é indiferente. Age conforme suas leis, adaptando-se e transformando tudo o que a compõe. Para os seres humanos, que dependem de outras formas de vida para sobreviver, essa indiferença da natureza é um lembrete de nossa responsabilidade. Ao reconhecer que somos parte do ciclo natural, compreendemos que nossa sobrevivência depende do respeito e da gratidão pelo que a vida nos oferece.
O Taoísmo e a Harmonia Universal
Na visão taoista, a interconexão é fundamental. Nada existe isolado; tudo é parte de um grande fluxo de energia e transformação. Quando tratamos o planeta com bondade e cuidado, recebemos de volta equilíbrio e harmonia. Essa reciprocidade reflete uma profunda sabedoria: ao proteger e nutrir o que nos cerca, cultivamos um mundo que também nos protege e nutre.
Nada é mais poderoso do que o ato de contemplar. É por meio dele que nos permitimos parar, observar e mergulhar profundamente na essência do mundo ao nosso redor. A contemplação nos eleva, não apenas como indivíduos, mas como parte de algo muito maior. Quando a praticamos, não apenas encontramos sentido na existência, mas também assumimos um papel ativo como coautores do universo. Nesse exercício, tornamo-nos “senhores do mundo”, não pela dominação, mas pela compreensão.
O Amor por Si Mesmo como Ponto de Partida
A primeira virtude cardinal – a reverência à vida – nos ensina que devemos começar por amar a nós mesmos. Não se trata de egoísmo, mas de um amor que se expande. Quem não se ama é incapaz de cuidar verdadeiramente do outro. Esse amor, quando cultivado, torna-se uma fonte inesgotável de energia, capaz de alcançar todas as formas de vida ao nosso redor.
Por vezes, esquecemos que nossa existência está intrinsecamente conectada a tudo o que vive. Do ar que respiramos às águas que nos sustentam, somos dependentes do mundo natural. O filósofo Aristóteles já dizia que a virtude é um meio-termo, e aqui ela se manifesta na justa medida de amor e respeito por todas as formas de vida. Sem esse reconhecimento, estamos fadados a viver em conflito com o mundo que nos acolhe.
A Natureza e Sua Indiferença
A natureza não age com benevolência ou crueldade. Ela é indiferente, movida por ciclos e leis que não se curvam à vontade humana. Um rio transborda sem intenção de causar destruição; um vulcão entra em erupção não para punir, mas como parte de um processo maior. Esse fato pode parecer desalentador, mas também é libertador: ao aceitar que a natureza segue seu curso, somos desafiados a encontrar nosso lugar nela, não como dominadores, mas como cuidadores.
Nossa sobrevivência depende diretamente de outras formas de vida. Alimentos, água, oxigênio – tudo isso vem do meio ambiente. Quando destruímos ou ignoramos essa interdependência, enfraquecemos a base sobre a qual nossa própria vida se sustenta. Essa relação deveria nos inspirar gratidão e responsabilidade, não exploração desenfreada.
O Taoismo e a Conexão Universal
As tradições orientais, como o Taoismo, têm muito a nos ensinar sobre nossa relação com o planeta. Segundo essa doutrina, tudo está interligado. A árvore que cresce ao lado da nossa casa, o inseto que zumbiza em busca de néctar, o oceano que regula o clima – tudo faz parte de uma teia universal. Quando tratamos o planeta com bondade, recebemos o mesmo de volta. Essa reciprocidade é mais do que um princípio espiritual; é uma verdade ecológica.
O Taoismo nos convida a abandonar a ideia de separação entre o “eu” e o “outro”. Ao invés disso, propõe que nos enxerguemos como um com o mundo. Essa visão amplia nossa responsabilidade: ao cuidar do planeta, cuidamos de nós mesmos.
A Importância da Gratidão e do Respeito
Vivemos em tempos onde a pressa e o consumismo muitas vezes nos cegam para a beleza que nos cerca. É fácil esquecer que o simples ato de respirar é sustentado por árvores que, silenciosamente, transformam gás carbônico em oxigênio. É por isso que a gratidão deve ser mais do que uma prática ocasional; deve ser uma atitude diária.
Respeitar a vida, por sua vez, vai além de não causar danos. Significa reconhecer o valor intrínseco de cada ser vivo, mesmo daqueles que, à primeira vista, não parecem ter utilidade para nós. A formiga que cruza nosso caminho ou o musgo que cresce em uma pedra são partes dessa grandiosa orquestra chamada natureza.
Contemplação como Caminho para a Transformação
Ao final, voltamos à contemplação. Parar para observar o mundo ao nosso redor não é uma perda de tempo, mas um gesto revolucionário em uma sociedade que nos exige produtividade constante. É no silêncio da contemplação que entendemos nossa pequenez e, paradoxalmente, nossa grandeza como parte do todo. Ao contemplar, percebemos que reverenciar a vida não é apenas um ato moral, mas uma necessidade para viver em harmonia.
Quando paramos para contemplar, aprendemos a ouvir o murmúrio do vento, o canto dos pássaros, o fluxo das águas. Compreendemos que a natureza nos fala, mesmo em sua indiferença. Reverenciar a vida é, portanto, um chamado para escutá-la e responder com ações de cuidado e respeito.
Um Convite à Reflexão e à Ação
Reverenciar a vida é mais do que um conceito filosófico; é uma prática. É um convite para vivermos com maior consciência, amor e propósito. Em tempos de crise ambiental e desconexão social, essa virtude nos lembra que, embora pequenos, somos parte de algo imenso e poderoso. A partir do amor por nós mesmos, podemos irradiar esse sentimento ao mundo, tornando-o um lugar mais equilibrado e acolhedor.
A pergunta que fica é: o que você tem feito para reverenciar a vida? Não basta saber; é preciso agir. Seja cuidando do meio ambiente, praticando gratidão ou simplesmente parando para contemplar o milagre da existência, cada gesto conta. Como diria Mário Sérgio Cortella, “a vida é um presente que se torna dádiva quando compartilhada”. Então, que possamos compartilhar esse presente com responsabilidade e generosidade.