A saúde é a maior posse. O contentamento é o maior tesouro. A confiança é o maior amigo. O não-ser é a maior alegria.
Pela mensagem de Lao-Tsé, ser feliz é um estado de consciência.
Você não precisa pôr a alegria como um objetivo a ser alcançado porque ela já existe dentro de si.
Basta praticá-la.
Na correria cotidiana, em meio a agendas lotadas e demandas incessantes, nos tornamos reféns de um paradigma que nos ensina que a felicidade é algo a ser conquistado no futuro, quase sempre atrelada a bens materiais, realizações profissionais ou aprovações externas. No entanto, Lao-Tsé, o grande filósofo chinês e fundador do Taoismo, nos oferece uma reflexão que desafia esse paradigma: “A saúde é a maior posse. O contentamento é o maior tesouro. A confiança é o maior amigo. O não-ser é a maior alegria.”
Essas palavras carregam um convite profundo para avaliarmos nossas prioridades e a forma como enxergamos a felicidade. Elas nos chamam para uma jornada interior, para um estado de consciência que não depende de fatores externos, mas de uma relação genuína e compassiva consigo mesmo.
Felicidade: Não um Objetivo, mas um Estado de Ser
Ao afirmar que ser feliz é um estado de consciência, Lao-Tsé nos ensina que a alegria não deve ser encarada como um objetivo distante, mas como algo inerente a nós. Este conceito, embora simples, pode parecer desafiador para uma sociedade que constantemente nos incentiva a buscar “mais” — mais dinheiro, mais status, mais reconhecimento. No entanto, a mensagem do filósofo é clara: a verdadeira felicidade já está dentro de nós, esperando para ser reconhecida e cultivada.
Para muitas pessoas, essa ideia pode parecer abstrata ou inalcançável, especialmente em momentos de dificuldade. Porém, o que Lao-Tsé propõe não é um desligamento da realidade, mas uma mudança na perspectiva com a qual enfrentamos a vida. Ele sugere que pratiquemos a alegria como um ato deliberado e consciente, algo que pode ser encontrado mesmo em meio aos desafios.
O Contentamento como Tesouro Inestimável
Quando o filósofo afirma que o contentamento é o maior tesouro, ele nos lembra da importância de valorizar aquilo que já temos, ao invés de nos fixarmos naquilo que falta. O contentamento não é resignação, mas a capacidade de olhar para a vida com gratidão e de encontrar satisfação nas pequenas coisas do cotidiano.
Neste sentido, práticas como a meditação e o mindfulness têm ganhado destaque no mundo moderno por ajudarem as pessoas a cultivarem esse estado de presença e aceitação. Quando aprendemos a estar inteiramente presentes no momento, descobrimos que muitos dos anseios que nos afastam da felicidade perdem sua força.
O Papel da Confiança e do Não-Ser
Outro aspecto essencial destacado por Lao-Tsé é a confiança, descrita como o maior amigo. Aqui, ele não se refere apenas à confiança nos outros, mas, sobretudo, à confiança em si mesmo e no fluxo natural da vida. Viver com confiança é acreditar que, mesmo em meio às incertezas, existe uma sabedoria maior guiando nossos passos.
O conceito de “não-ser”, por sua vez, pode parecer enigmático à primeira vista, mas está profundamente conectado ao desapego e à humildade. Para Lao-Tsé, o “não-ser” representa a capacidade de nos desvencilharmos do ego, das identificações excessivas com títulos, posses ou papeis sociais. É no “não-ser” que encontramos a liberdade e a verdadeira alegria, pois deixamos de buscar validação externa e passamos a nos relacionar com o mundo de forma mais leve e autêntica.
Como Praticar a Alegria
Praticar a alegria, como sugere o texto, é uma decisão que começa em pequenas atitudes diárias. Não se trata de ignorar os problemas ou negar as dificuldades, mas de escolher, conscientemente, focar naquilo que eleva nosso espírito. Algumas maneiras de praticar a alegria incluem:
- Cultivar a gratidão: Todos os dias, liste três coisas pelas quais você é grato. Essa prática simples pode transformar a forma como você percebe sua vida.
- Conectar-se com a natureza: Passar alguns momentos ao ar livre, contemplando o céu, as árvores ou o som dos pássaros, ajuda a restaurar a sensação de plenitude.
- Acolher as emoções: Permitir-se sentir tristeza, raiva ou frustração sem julgamentos é parte fundamental do caminho para a alegria. Não há luz sem sombra, e reconhecer nossas emoções nos torna mais íntegros.
- Estar presente: Evitar a dispersão mental e realmente se dedicar ao momento presente é uma forma poderosa de encontrar felicidade no agora.
Uma Perspectiva Filosófica para o Cotidiano
Lao-Tsé nos convida a um caminho filosófico que, embora antigo, permanece extremamente atual. Sua mensagem nos relembra que a saúde, o contentamento, a confiança e o desapego são fundamentos para uma vida plena e significativa. Num mundo cada vez mais acelerado e competitivo, a sabedoria do Taoismo oferece uma alternativa para reconectar-nos com o que realmente importa.
Ao trazer essa reflexão para a nossa vida diária, criamos espaço para uma transformação que não depende de circunstâncias externas, mas de uma escolha interna e consciente. Afinal, a felicidade, como Lao-Tsé nos ensina, não é um destino, mas a jornada em si.