Vivemos neste mundo em ritmo intenso. Sono agitado, excesso de comida. Pouca reflexão, muita ação, muito fazer.
Muitas vezes impomos a nós mesmos um comportamento de robôs, que só produzem sem pensar.
Levando esse estilo de vida é inevitável que as dores físicas apareçam e os distúrbios psicológicos se instalem.
Torne-se mais consciente de como usa seu corpo.
Escolha melhor seus alimentos, faça uma atividade física que traga corpo e mente de volta ao equilíbrio.
Você é responsável pela manutenção do seu bem-estar físico e psicológico.
O Descompasso da Modernidade
Vivemos em tempos marcados por uma aceleração vertiginosa. O relógio dita nosso ritmo, e a sensação de que estamos sempre atrasados consome nossa energia vital. Nesse contexto, o sono, um aliado essencial à saúde, torna-se um campo de batalha. As noites são agitadas, interrompidas por preocupações incessantes. Ao mesmo tempo, entregamo-nos a excessos na alimentação, buscando conforto momentâneo, mas esquecendo os impactos a longo prazo. Pouco refletimos, muito agimos. Somos movidos pelo “fazer” constante, como se nossa única missão fosse a produtividade.
Como alertava Hannah Arendt em A Condição Humana, a sociedade contemporânea valoriza o “homo faber” – o homem que faz, constroi, produz – em detrimento do “homo contemplativus”, que reflete, questiona e dá sentido às ações. Nesse desequilíbrio, tornamo-nos quase autômatos, cumprindo rotinas sem nos perguntar para quê ou por quê.
A Máquina Humana Sob Tensão
Esse ritmo desumanizador cobra seu preço. O corpo, tratado como uma ferramenta descartável, começa a dar sinais de desgaste. Não é raro vermos pessoas queixando-se de dores crônicas, fadiga constante ou problemas de saúde que parecem surgir do nada. No entanto, o corpo não mente; ele é um mensageiro que nos alerta sobre as condições em que vivemos. Como enfatiza Cortella em Qual é a tua obra?, somos não apenas seres pensantes, mas também seres cuidantes. Cuidar do corpo é cuidar da existência como um todo.
Por outro lado, a mente, submetida a estímulos incessantes, também sofre. Ansiedade, estresse e depressão são reflexos diretos de uma vida sem pausas, sem espaço para o autocuidado. Os distúrbios psicológicos, muitas vezes vistos como “fraqueza”, são, na verdade, um grito de socorro de um organismo que perdeu o equilíbrio.
A Consciência Corporal: Um Caminho para a Saúde
Tornar-se consciente de como usamos nosso corpo é um primeiro passo fundamental para recuperar o bem-estar. Isso implica abandonar a mentalidade de piloto automático e adotar uma postura mais presente, mais atenta. Não se trata de um luxo, mas de uma necessidade. Afinal, como podemos cuidar de algo que sequer percebemos?
Escolher alimentos mais nutritivos, por exemplo, é um ato de respeito consigo mesmo. Alimentar-se não é apenas uma função biológica; é um gesto de conexão com a vida. A comida que ingerimos influencia diretamente nossa energia, nosso humor e até mesmo nossa capacidade de pensar. Não é à toa que Hipócrates, o pai da medicina, já dizia: “Que teu alimento seja teu remédio, e teu remédio seja teu alimento.”
Além disso, a prática regular de atividades físicas é indispensável. Não se trata apenas de manter um corpo estético, mas de permitir que corpo e mente reencontrem a harmonia. Exercícios como yoga, pilates ou até uma simples caminhada ao ar livre podem ser profundamente transformadores. Essas práticas não apenas fortalecem o corpo, mas também acalmam a mente, promovendo a sensação de equilíbrio e serenidade.
Responsabilidade Pelo Bem-Estar
Um ponto crucial dessa reflexão é a noção de responsabilidade. Não podemos delegar completamente a terceiros – médicos, terapeutas ou mesmo familiares – o cuidado com nosso bem-estar. O filósofo francês Jean-Paul Sartre afirmava que somos condenados a ser livres, ou seja, responsáveis por nossas escolhas. Essa responsabilidade inclui cuidar do nosso corpo e da nossa mente como o bem mais precioso que possuímos.
Não se trata de um processo imediato ou fácil. É preciso disciplina, paciência e, sobretudo, intenção. Pequenos passos diários podem fazer toda a diferença. Reservar alguns minutos para meditar, evitar refeições apressadas, priorizar noites de sono reparadoras – essas ações aparentemente simples têm um impacto profundo na qualidade de vida.
Um Convite à Reflexão
A vida moderna, com sua velocidade e exigências, nos coloca diante de um grande desafio: equilibrar ação e contemplação, produtividade e autocuidado. Para isso, precisamos recuperar a consciência de que somos um todo integrado, em que corpo e mente influenciam-se mutuamente.
Como dizia o poeta Rainer Maria Rilke, “A verdadeira pátria do homem é a pausa.” Que possamos criar essas pausas no cotidiano, tornando nossa vida mais rica em significado, saúde e bem-estar. Afinal, viver bem não é apenas sobreviver; é cultivar uma existência plena e consciente.