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Conhecendo os verdadeiros amigos

Para conhecermos os amigos é necessário passar pelo sucesso e pela desgraça. No sucesso, verificamos a quantidade e, na desgraça, a qualidade.

A Redefinição da Amizade no Mundo Conectado: Um Olhar Filosófico e Espiritual

A definição de amizade tem evoluído significativamente no contexto do mundo tecnologicamente conectado em que vivemos hoje. Na era digital, a palavra “amigo” adquiriu novos significados e, em muitos casos, tornou-se sinônimo de “conhecido” ou “contato”. As redes sociais nos proporcionam a capacidade de mantermos um vínculo, ainda que superficial, com um vasto número de pessoas, algumas das quais mal conhecemos ou com quem tivemos apenas interações passageiras. Essa mudança na forma como percebemos e praticamos a amizade levanta questões profundas sobre o verdadeiro significado e valor de um amigo.

No passado, a amizade era geralmente definida por laços profundos e pessoais, construídos ao longo do tempo por meio de experiências compartilhadas, confiança mútua e um genuíno interesse pelo bem-estar do outro. No entanto, hoje, as redes sociais muitas vezes simplificam esses relacionamentos a números em uma lista de contatos, onde a quantidade parece, para muitos, ser mais valorizada do que a qualidade. Somos constantemente lembrados do número de “amigos” que temos, e a busca por aumentar esse número pode nos desviar do verdadeiro propósito de uma amizade genuína.

A Superficialidade das Relações Virtuais

Em meio a essa transformação, é crucial refletir sobre a essência do que significa ser amigo. No contexto das redes sociais, o termo “amigo” é frequentemente utilizado de forma inadequada para descrever contatos, e não relacionamentos autênticos. A facilidade com que podemos “adicionar” ou “remover” alguém da nossa rede ilustra a superficialidade de muitas dessas conexões. Embora possamos enviar uma mensagem instantânea para qualquer pessoa na nossa lista de contatos, isso está longe de ser equivalente a manter um relacionamento verdadeiro, onde a comunicação é sincera, a compreensão é mútua e o apoio é incondicional.

Em contraste, as verdadeiras amizades exigem esforço, tempo e, acima de tudo, compromisso. Amigos verdadeiros são aqueles que permanecem ao nosso lado nos momentos de dificuldade, que oferecem apoio sem esperar nada em troca, e que têm um interesse genuíno em nosso crescimento pessoal e espiritual. Portanto, ao invés de focarmos apenas em “ter” amigos, talvez devêssemos concentrar nossas energias em “ser” amigos — amigos que ajudam a elevar o outro, que estão presentes nos altos e baixos da vida, e que encorajam o outro a seguir um caminho de retidão e propósito.

A Perspectiva Espiritual da Amizade

Há muitas definições do que significa ser um verdadeiro amigo, mas uma das mais profundas e impactantes que já encontrei foi dada pelo Élder Robert D. Hales, do Quórum dos Doze Apóstolos. Ele afirmou que “amigos são pessoas que fazem com que nos seja mais fácil viver o evangelho de Jesus Cristo”. Essa definição, embora simples, carrega uma profundidade espiritual que transcende a mera camaradagem ou afeição. Ser amigo, nesse sentido, é muito mais do que compartilhar interesses comuns ou passar tempo juntos; é ajudar o outro a alcançar o seu potencial mais elevado, tanto nesta vida quanto na eternidade.

A amizade verdadeira, então, é aquela que busca o bem maior da outra pessoa. Isso significa colocar as necessidades do amigo acima das nossas, ser honesto e leal em todas as circunstâncias, e manter um compromisso firme com os princípios morais e éticos. A palavra “compromisso” pode, de fato, revelar o verdadeiro significado da amizade. Sem compromisso, a amizade não passa de uma conexão efêmera, que se desfaz ao menor sinal de dificuldade. Com compromisso, no entanto, a amizade torna-se um vínculo indestrutível, que resiste ao tempo e às adversidades.

O Exemplo Inspirador da Juventude

Um exemplo prático desse tipo de amizade comprometida pode ser encontrado na história da minha filha, Emi, quando tinha apenas 15 anos. Em uma manhã, ao passar por seu quarto, notei que seu exemplar do Livro de Mórmon estava aberto em Alma 48. Nos versículos que descrevem o capitão Morôni, ela havia marcado palavras que refletiam suas aspirações: “Morôni era um homem forte e poderoso; ele era um homem de perfeita compreensão. (…) Sim, e ele era um homem firme na em Cristo” (versículos 11, 13). Ao lado desses versículos, ela escreveu na margem: “Quero namorar e casar com um homem como Morôni”.

Essa anotação simples, mas poderosa, revelou o tipo de amigos que Emi desejava para sua vida. Ela não estava interessada em amizades superficiais ou relacionamentos casuais; ela procurava pessoas que a ajudassem a crescer espiritualmente e que compartilhassem de seus valores mais profundos. Como resultado, ao observar Emi e os rapazes com quem ela se relacionava, pude ver que ela própria era um exemplo dessas qualidades. Ela encorajava aqueles ao seu redor a viverem de acordo com sua identidade divina, como filhos de Deus, portadores do sacerdócio e futuros pais e líderes.

A Influência Duradoura das Amizades Verdadeiras

Os verdadeiros amigos exercem uma influência transformadora na vida daqueles com quem se associam. Como o Élder Hales observou, eles nos ajudam a “elevar-nos um pouco mais [e] ser um pouco melhores”. Esse tipo de amizade é particularmente importante durante a juventude, uma fase da vida em que as escolhas podem ter repercussões duradouras. Amigos que nos incentivam a tomar decisões sábias, a permanecer moralmente limpos e a seguir um caminho de retidão são verdadeiros tesouros. Eles não apenas moldam nosso caráter, mas também podem influenciar gerações futuras.

No evangelho, o exemplo máximo de amizade é o próprio Salvador, que chamou Seus discípulos de amigos e demonstrou o que significa amar incondicionalmente. Em João 15:12-15, lemos Suas palavras: “O meu mandamento é este: Que vos ameis uns aos outros, assim como eu vos amei. Ninguém tem maior amor do que este, de dar alguém a sua vida pelos seus amigos. Vós sereis meus amigos, se fizerdes o que eu vos mando. Já vos não chamarei servos, porque o servo não sabe o que faz o seu senhor; mas tenho-vos chamado amigos, porque tudo quanto ouvi de meu Pai vos tenho feito conhecer”.

A Amizade à Luz do Evangelho

À medida que vivemos e compartilhamos o evangelho de Jesus Cristo, naturalmente atraímos para nós pessoas que desejam ser nossos amigos. Não se trata apenas de adicionar mais um contato em um site de mídia social, mas de cultivar relacionamentos baseados nos princípios exemplificados pelo Salvador. Ao nos esforçarmos para ser amigos verdadeiros para os outros, nossa luz interior brilha, e nossa influência positiva pode abençoar a vida de muitos.

Concentrar-se em ser um amigo, conforme definido pelos ensinamentos dos profetas e pelos exemplos contidos nas escrituras, não só nos traz felicidade, mas também nos torna uma força para o bem no mundo. E, finalmente, existe uma promessa gloriosa para aqueles que cultivam amizades verdadeiras: “A mesma sociabilidade que existe entre nós, aqui, existirá entre nós lá, só que será acompanhada de glória eterna” (D&C 130:2). Esta é a recompensa divina para aqueles que entendem e praticam o verdadeiro significado da amizade.

No mundo moderno, onde a palavra “amigo” é frequentemente utilizada de forma leviana, é vital que reflitamos sobre o verdadeiro significado da amizade. Não devemos nos contentar com a superficialidade das relações virtuais, mas buscar cultivar amizades profundas, autênticas e baseadas em princípios eternos. Ao fazê-lo, não só enriquecemos nossa própria vida, mas também deixamos um legado duradouro de bondade, amor e retidão.