Liberdade é poder ser você mesmo.
É fazer aquilo de que você gosta, não dever satisfações a ninguém. Muitas vezes, pelas circunstâncias da vida, nós nos colocamos em situações que nos privam da liberdade.
Um cargo de poder que não traz realização, um salário alto para um trabalho que não faz mais os olhos brilharem, o status de uma vida que não lhe traz felicidade, a segurança de um casamento que não existe mais…
É preciso romper com o que não lhe serve mais para sentir a liberdade de ser quem você é na essência.
A liberdade sempre foi um dos grandes temas da filosofia, debatida desde os tempos de Sócrates até os dias de hoje, nas redes sociais e nas mesas de bar. Mas, no fundo, o que significa ser livre? Ser livre é poder ser você mesmo? Mas, afinal, quem é esse “você mesmo” que busca liberdade? E mais: o que fazer quando a tal liberdade cobra um preço alto demais?
O paradoxo da liberdade
Muita gente associa a liberdade à ausência de amarras, de regras, de satisfações a terceiros. Livre é aquele que pode acordar quando quiser, vestir o que bem entender, trabalhar com o que ama – se trabalhar for uma escolha –, viajar quando der na telha e viver sem pedir permissão a ninguém.
Mas será que é só isso?
Jean-Paul Sartre dizia que estamos “condenados a ser livres”. Isso porque, ao contrário dos pássaros, que simplesmente seguem seus instintos, nós temos consciência. E com essa consciência vem o fardo das escolhas. Ser livre não é só fazer o que se quer, mas arcar com as consequências disso. É aí que a coisa complica.
Se liberdade fosse apenas “fazer o que gosta”, ninguém ficaria em empregos que odeia, em casamentos infelizes ou em vidas que não fazem sentido. Mas, na prática, as coisas não são tão simples assim.
As prisões invisíveis
A sociedade, com suas promessas de sucesso e estabilidade, nos empurra para dentro de celas douradas. O cargo de prestígio que exige sacrifícios diários da sua paz mental. O salário robusto que paga as contas, mas nunca comprou uma fagulha de realização. O casamento que se mantém pelo medo da solidão, e não pelo brilho no olhar.
Prendemo-nos a essas estruturas não porque somos tolos, mas porque há algo nelas que nos convence de que a segurança compensa a ausência de felicidade. Afinal, quem trocaria um emprego estável por uma incerteza? Quem abriria mão de um relacionamento morno, mas seguro, por uma liberdade que pode ser solitária?
Mas, veja bem: a prisão não está no emprego ou no casamento. A prisão está no medo. No medo de desapegar do que já não serve, no medo de não ter controle sobre o que vem depois.
E o medo, como se sabe, é um carcereiro cruel.
A coragem de ser livre
Ser livre exige coragem. Coragem para romper com o que não faz sentido. Para abrir mão do que já não cabe. Para encarar o vazio que a liberdade traz.
Sim, porque a liberdade tem um lado assustador: ela não vem com garantias. Ao deixar um trabalho que não te faz feliz, você não tem a certeza de que encontrará algo melhor. Ao sair de um relacionamento sem vida, você não sabe se encontrará um amor mais verdadeiro.
E, no entanto, viver é assumir riscos. Como bem dizia Nietzsche, “torna-te quem tu és”. Mas como se tornar quem se é sem se desprender do que não nos pertence mais?
Liberdade como autenticidade
A liberdade de ser você mesmo não é só sobre fazer o que gosta, mas sobre ser autêntico. E ser autêntico significa assumir o que se sente, o que se deseja e o que se teme. Significa reconhecer que, em muitos momentos, ser livre dói. Que a liberdade vem acompanhada de escolhas difíceis.
Mas, no fim, ser livre é preferível a viver acorrentado ao que não faz mais sentido. Porque nada pesa mais do que carregar uma vida que não é sua.
A grande questão não é se a liberdade vale a pena, mas se você está disposto a pagar o preço por ela.