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O Amor Pleno: Desejos, Dor e Gratidão no Caminho do Sentir

O amor não tem outro desejo senão o de atingir a sua plenitude.

Se, contudo, amar é precisar ter desejos, sejam estes os vossos desejos:

De se diluir no amor e ser como um riacho que canta sua melodia para a noite…

De conhecer a dor de sentir ternura demasiada…

De ficar ferido por vossa própria compreensão do amor …

De sangrar de boa vontade e com alegria…

De acordar na aurora com o coração alado e agradecer por um novo dia de amor…

De descansar ao meio-dia e meditar sobre o êxtase do amor…

De voltar para casa à noite com gratidão

E de adormecer com uma prece no coração para o bem-amado, e nos lábios uma canção de bem-aventurança.

O amor, essa força que move o mundo, tão presente em nossas vidas e ao mesmo tempo, por vezes, tão desafiadora de ser entendida e vivida. Ele é uma busca constante, um desejo intrínseco à natureza humana, que se apresenta sob diferentes formas e intensidades, como uma chama que arde com intensidade e, ao mesmo tempo, ilumina e aquece. No entanto, quando falamos sobre o amor, não estamos apenas nos referindo a um estado de prazer e felicidade, mas a algo muito mais profundo e multifacetado. O amor verdadeiro não tem outro desejo senão o de alcançar sua plenitude. O que isso significa? Que o amor não se resume a um estado de satisfação ou conquista, mas à transformação constante, à capacidade de transcender limites, de se doer, de se entregar e de se expandir.

Ao refletir sobre esse movimento do amor, somos levados a pensar sobre o que ele realmente exige de nós. Como o filósofo que, de maneira sagaz, questiona as certezas da vida, devemos perguntar: quais são os verdadeiros desejos do amor? Não aqueles que são superficiais ou romantizados, mas os desejos que o amor verdadeiro exige para se revelar em toda a sua magnitude. Ao longo deste texto, buscaremos entender essas profundidades e dimensões do amor, que não se limitam apenas à felicidade, mas também à dor, ao sacrifício e à transformação.

O Amor que Se Dilui no Riacho: A Busca pela Plenitude

Quando afirmamos que o amor tem o desejo de atingir sua plenitude, estamos nos referindo a um processo de dissolução. Assim como um riacho que, com serenidade e força, vai se diluindo no rio ou no mar, o amor busca se expandir e se tornar infinito. Diluir-se no amor é abandonar-se completamente ao movimento da vida, sem resistir, sem questionar. É permitir que os sentimentos, por mais contraditórios que possam ser, fluam com liberdade. O amor não é um estado fixo, mas um fluxo dinâmico que exige de nós a disposição para perder o controle, para ser tocado pela sua intensidade. No entanto, essa diluição não é perda de si mesmo, mas um modo de alcançar a verdadeira conexão com o outro e com o universo.

O amor não se resume à possessão ou ao controle, mas à entrega. Ele nos desafia a deixar de lado a ideia de autonomia egoica para nos tornarmos parte de algo maior. Como o riacho que canta sua melodia para a noite, o amor também é uma canção silenciosa, cheia de suavidade e ao mesmo tempo repleta de profundidade. Ele não exige aplausos, nem reconhecimento, mas a vivência pura e verdadeira de quem é capaz de se doar.

A Dor da Ternura: O Paradoxo do Amor

Se o amor é capaz de nos diluir, ele também nos leva a sentir o peso de sua profundidade. Sentir ternura demasiada é, ao mesmo tempo, uma dádiva e uma dor. A ternura, esse sentimento delicado e envolvente, tem o poder de nos tocar profundamente, de nos fazer perceber a fragilidade da vida e de todos ao nosso redor. Esse toque, ao contrário de nos deixar tranquilos, nos desafia a questionar o que é realmente importante. A ternura se apresenta como uma faca de dois gumes: ela pode ser doce, mas também pode ser a razão de nossa angústia. Porque, ao amarmos profundamente, sentimos também as dores do outro, o sofrimento do mundo e as injustiças que nos cercam. O amor, então, não é apenas um caminho de felicidade, mas uma constante reconfiguração do ser.

O verdadeiro amor exige de nós uma sensibilidade extrema, uma abertura ao sofrimento. Isso é, muitas vezes, uma dor inevitável. Ao nos tornarmos conscientes da profundidade do afeto que nutrimos, também reconhecemos a imensidão da perda que nos espera, seja no fim de um relacionamento, seja na transitoriedade da vida. O amor, portanto, não é apenas uma fonte de alegria, mas também uma presença constante da dor. E, paradoxalmente, essa dor é uma das formas mais autênticas de expressão do amor.

O Amor que Nos Transforma: Feridos pela Compreensão

O amor nos transforma profundamente. Ele nos leva a um processo de auto-conhecimento e, muitas vezes, de confronto com as nossas próprias limitações. A compreensão do amor, com seu caráter pleno e infinito, pode nos ferir porque ela nos obriga a reconhecer a nossa pequenez frente à grandiosidade do que significa amar verdadeiramente. Muitas vezes, é no momento de maior clareza sobre o que o amor exige de nós que nos sentimos mais vulneráveis, mais fragilizados. A compreensão do amor pode ser um processo de rupturainterior, que nos desafia a deixar de lado crenças antigas, concepções limitadas e até mesmo ideais que nutríamos sobre o que significa estar em um relacionamento ou ser amado.

Essa ferida não é um fim, mas um início. É o momento de reinvenção, de recriação do ser. Ao sangrarmos de boa vontade, como sugere a reflexão, não estamos apenas sofrendo, mas nos permitindo ser modificados. O amor, assim, exige de nós uma entrega total, que pode ser tanto dolorosa quanto libertadora. Mas a libertação não vem sem antes passarmos pelo processo de dor e transformação.

O Amor que Agradece: Gratidão e Plenitude na Vida Cotidiana

Ao longo de nossa jornada amorosa, seja com os outros ou conosco mesmos, o amor também nos ensina a gratidão. A gratidão é a expressão mais pura da plenitude amorosa, pois, ao reconhecer o valor do que recebemos, nos tornamos mais abertos e mais receptivos. A gratidão, portanto, não é apenas um agradecimento superficial, mas um reconhecimento profundo da preciosidade do amor que se apresenta a nós.

Acordar na aurora com o coração alado, grato por mais um dia, é o reflexo da compreensão de que o amor não é um bem que possuímos, mas algo que nos é dado e que se refaz a cada novo amanhecer. O amor nos ensina, assim, a ver cada momento como uma oportunidade de amar mais profundamente, de estar presente na vida com plenitude. Isso se reflete em nossa capacidade de meditar sobre a existência e sobre o êxtase do simples, da rotina diária. De fato, o amor está em cada pequeno ato de carinho, cada gesto de cuidado, cada palavra que pronuncia a gratidão e o reconhecimento da vida como um todo.

Ao final do dia, ao voltarmos para casa, podemos levar em nosso coração uma prece de amor, uma oração silenciosa, um pedido pelo bem do outro, sem esperar nada em troca, mas como uma forma de reafirmar o compromisso com o amor incondicional. E, ao adormecer, com uma canção de bem-aventurança nos lábios, encontramos o descanso merecido, pois sabemos que, ao final, o amor foi vivido em sua plenitude.

O amor, em sua forma mais profunda e verdadeira, é uma jornada de autodescobrimento e de contínua expansão. Ele não se resume à felicidade ou ao prazer, mas à capacidade de nos entregarmos, de nos perdermos para, então, nos encontrarmos. O amor exige que sejamos frágeis, que sejamos fortes, que sejamos capazes de sentir a dor de nos tornarmos plenos. O amor nos desafia a ser maiores do que somos, a ultrapassar nossos próprios limites e a viver com intensidade, com alegria e, ao mesmo tempo, com a serenidade de quem entende que o verdadeiro amor é o que nos transforma e nos permite ser mais humanos.