“Quem ama, educa!” Essa frase, eternizada por Içami Tiba, carrega uma força imensa, que ecoa como um lembrete essencial para todos nós, pais e mães, imersos no cotidiano agitado da vida moderna. Vivemos num ritmo frenético, onde o tempo parece sempre escasso, e nossa atenção está frequentemente voltada para a busca incessante pelo sucesso material. Trabalhamos, ganhamos dinheiro, investimos, compramos, poupamos. Mas, em meio a tudo isso, será que estamos deixando algo essencial para trás?

A questão que se coloca, com uma profundidade quase avassaladora, é: estamos sendo exemplos vivos de valores e princípios para nossos filhos? Ou estamos terceirizando essa tarefa, confiando cegamente na educação formal ou, ainda pior, permitindo que as influências externas – amigos, redes sociais, o ambiente em geral – assumam essa responsabilidade? É aqui que surge um questionamento essencial: quem são os amigos dos nossos filhos? Quem são os pais desses amigos? Quais são os valores que essas famílias defendem e, de certa forma, compartilham com nossas crianças?

O Papel Essencial dos Pais na Formação de Valores

Vivemos em um mundo onde a construção de caráter parece, às vezes, diluída na correria do dia a dia. Com tantas demandas, os pais acabam se sentindo sobrecarregados, e muitas vezes, inconscientemente, deixam de lado a reflexão sobre o papel crucial que desempenham na formação ética e moral dos seus filhos. O filósofo grego Aristóteles já dizia que “somos o que repetidamente fazemos”. E aqui está uma verdade incontornável: se nossos filhos observam, dia após dia, nossas ações, nosso modo de falar, de tratar os outros e de encarar a vida, é disso que eles vão se nutrir. Não adianta dizer que respeito é importante se não demonstramos respeito em nosso convívio diário. Não adianta pregar a honestidade, se em pequenos atos cotidianos mostramos o contrário.

Quando falamos em educação, estamos falando de algo muito além de transmitir conhecimento. Estamos falando de ser presença, de viver os valores que desejamos que nossos filhos levem adiante. Isso exige, muitas vezes, uma mudança de frequência, como você bem colocou. A questão não é apenas ter amor, mas expressá-lo de maneira que ele se torne uma bússola moral para nossos filhos.

A Coragem de Resgatar Valores em um Mundo Acelerado

Mudar a frequência exige coragem. É necessário coragem para parar e refletir sobre o que realmente importa em um mundo que nos cobra produtividade incessante. Ter coragem, neste contexto, é resgatar o amor profundo que sentimos pelos nossos filhos e pela nossa família e transformá-lo em uma força ativa que molda suas vidas de maneira positiva. E isso não é uma tarefa simples.

O amor, como princípio orientador, deve ser a base de tudo o que fazemos. E quando digo “amor”, falo de um amor que vai além do afeto emocional; é o amor como responsabilidade, como compromisso com o futuro. Amar é educar, sim, mas educar com exemplos concretos, com paciência e, sobretudo, com alegria. E essa alegria não é a euforia passageira, mas aquela sensação de estar construindo algo maior, algo que vai perdurar no tempo: uma sociedade melhor, fundamentada em valores sólidos.

A Importância das Escolhas

A vida, como sempre, nos coloca diante de escolhas. E aqui, surge a responsabilidade individual. Depende de nós, pais e mães, fazermos essa escolha consciente. Podemos continuar no piloto automático, focados no trabalho, na busca por conquistas materiais, ou podemos decidir por algo maior: dedicar tempo, atenção e, principalmente, sermos o exemplo que nossos filhos tanto precisam. Como sempre digo, “faça o seu melhor, na condição que você tem, enquanto você não tem condições melhores, para fazer melhor ainda!”

É preciso lembrar que as escolhas que fazemos hoje moldam o futuro dos nossos filhos. E essas escolhas nem sempre estão nos grandes gestos ou nas decisões financeiras, mas nos momentos de convivência, nas conversas que temos, nos exemplos que damos.

Quem são os Amigos dos Seus Filhos?

Outro ponto importante é estar atento às influências externas. Não se trata de ser controlador ou superprotetor, mas de entender que a convivência social também educa. E, nesse sentido, vale a pena refletir sobre quem são os amigos dos seus filhos e, mais do que isso, quem são os pais desses amigos. Quais valores essas famílias promovem? O ambiente em que seus filhos estão inseridos reflete os princípios que você deseja que eles cultivem? Essa é uma pergunta delicada, mas essencial. Afinal, como dizia o ditado popular, “diga-me com quem andas e te direi quem és”. As companhias influenciam, moldam comportamentos e, muitas vezes, definem escolhas de vida.

A Educação como Um Projeto de Vida

Educar não é tarefa para o curto prazo. É um projeto de vida. E mais do que isso, é um projeto coletivo. Não é apenas o pai ou a mãe que educa, mas a comunidade ao redor. Por isso, é importante construir redes de apoio que compartilhem dos mesmos valores que você quer transmitir aos seus filhos. É preciso estar rodeado de pessoas que, de alguma forma, também estão comprometidas com a construção de um mundo melhor, mais justo e ético. E essa escolha começa dentro de casa.

A Escolha é Sua

No final das contas, como você bem mencionou, tudo depende de uma escolha. E essa escolha é sua. Você pode optar por seguir o caminho mais fácil, aquele em que o dia a dia passa despercebido, ou pode tomar a decisão corajosa de mudar a frequência. Amar é educar, e educar exige presença, exemplo e dedicação. Não se trata apenas de instruir, mas de inspirar. E a inspiração vem, antes de tudo, do exemplo que damos a cada dia.

A grande lição aqui é que não existe educação sem amor. E não existe amor sem a coragem de assumir responsabilidades. Portanto, que possamos todos, pais e mães, ter a coragem de fazer a escolha certa, dia após dia.