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Recomeços e Harmonia: A Filosofia da Felicidade na Vida Cotidiana

Um poema de Fernando Pessoa diz: “Se estiver tudo errado, comece novamente. Se estiver tudo certo continue. Se sentir saudades, mate-a. Se perder um amor, não se perca. Mas, se o achar, segure-o.”.
Viva o hoje. Identifique o que lhe faz bem e cuide disso. Identifique o lhe faz mal e mude. Não deixe que sentimentos negativos se arrastem em sua vida. Deixe ir o que tem de ir embora, o que não lhe pertence mais.

Valorize quem está ao seu lado e lhe faz bem. Agradeça os milagres da sua vida. Siga o curso da vida sintonizando nos sentimentos que o colocam em harmonia.
Priorize a sua felicidade!

Vivemos em uma época em que o imediatismo e as exigências externas muitas vezes abafam aquilo que realmente importa: a busca por uma vida com sentido. Fernando Pessoa, com sua sensibilidade poética, nos convida a um mergulho introspectivo, oferecendo uma bússola para enfrentar os dilemas do cotidiano. Seu poema, carregado de simplicidade e sabedoria, propõe que comecemos novamente sempre que necessário, valorizemos o presente e cultivemos aquilo que realmente importa. A reflexão que segue busca ampliar essa mensagem, com um olhar crítico e filosófico, pautado pela valorização da felicidade autêntica.

Começar de Novo: O Poder do Recomeço

A vida, como bem observou o filósofo Heráclito, é um fluxo constante. Assim como não se entra no mesmo rio duas vezes, também não enfrentamos os mesmos desafios com as mesmas ferramentas. Fernando Pessoa, ao sugerir que “se estiver tudo errado, comece novamente”, nos oferece um antídoto contra o medo da mudança. Essa simples frase esconde uma profundidade imensa: a coragem de recomeçar é um ato de liberdade.

Recomeçar não é admitir derrota, mas abraçar a impermanência. É um exercício de humildade e abertura ao novo. Afinal, quem somos nós para temer o erro, quando é justamente ele que nos ensina? Neste sentido, o recomeço é um movimento filosófico, uma declaração de que a vida não é uma linha reta, mas um ciclo de quedas e ressurgimentos.

O Hoje: O Presente como Espaço de Transformação

Pessoa também nos convoca a viver o hoje, lembrando-nos que a vida só pode ser experimentada no momento presente. Como já afirmou o filósofo dinamarquês Søren Kierkegaard, “a vida só pode ser compreendida olhando para trás, mas deve ser vivida olhando para frente”. O presente, portanto, é onde se desenrola a única realidade que temos.

Viver o hoje significa prestar atenção ao que realmente importa: aquilo que nos faz bem. É necessário um olhar atento para identificar as fontes de alegria, bem como as armadilhas emocionais que nos prendem. Porém, não basta apenas identificar; é preciso agir. Não é tarefa fácil, pois exige coragem para mudar o que nos faz mal e determinação para preservar o que nos faz bem.

Deixar Ir: O Desapego como Caminho para a Liberdade

Fernando Pessoa também nos lembra de um ponto essencial: “Deixe ir o que tem de ir embora, o que não lhe pertence mais.” Essa frase ecoa um ensinamento profundo, muitas vezes esquecido na correria do dia a dia. O apego ao passado, a situações ou a pessoas que já não nos fazem bem, é uma das principais fontes de sofrimento humano. Como nos alerta o budismo, o apego gera dor, e a liberdade emocional só pode ser alcançada ao aprender a soltar.

Deixar ir, porém, não é um ato de fraqueza ou indiferença, mas de coragem e sabedoria. É reconhecer que certas fases da vida chegam ao fim, e que, ao abrir mão, criamos espaço para o novo. Em vez de olhar para o passado com ressentimento, somos convidados a agradecer pelos aprendizados que ele nos trouxe.

A Gratidão: Reconhecer os Milagres da Vida

Outro elemento essencial trazido por Pessoa é o poder da gratidão. Ao valorizar quem está ao nosso lado e reconhecer os milagres da vida, criamos uma conexão mais profunda com o presente. A gratidão, como já demonstraram estudos na psicologia positiva, tem o poder de transformar nossa percepção, aumentando nosso bem-estar e satisfação com a vida.

Praticar a gratidão não significa ignorar os desafios ou mascarar os problemas, mas sim direcionar o foco para aquilo que enriquece nossa experiência. É uma prática diária que nos ajuda a encontrar harmonia, mesmo em meio ao caos.

A Felicidade como Prioridade

Por fim, a pessoa nos convida a priorizar a felicidade. Mas o que significa, de fato, ser feliz? Essa é uma questão que filósofos como Aristóteles e Epicuro tentaram responder. Para Aristóteles, a felicidade, ou eudaimonia, é o resultado de uma vida vivida de acordo com a virtude. Já Epicuro defendia que a felicidade está em evitar dores desnecessárias e cultivar prazeres simples.

No contexto contemporâneo, priorizar a felicidade implica uma escolha consciente: alinhar nossas ações e decisões com nossos valores mais profundos. Isso significa dizer não ao que nos afasta de quem realmente somos e investir nosso tempo e energia no que nos aproxima de uma vida plena e significativa.

A Sintonia com a Vida

Sintonia é uma palavra-chave no poema de Pessoa. Estar em harmonia consigo mesmo, com os outros e com o mundo é o grande desafio dos nossos tempos. O excesso de estímulos, as pressões externas e as comparações constantes nas redes sociais muitas vezes nos desconectam dessa sintonia.

Para encontrar esse equilíbrio, é necessário cultivar o autoconhecimento. Saber quem somos, o que valorizamos e o que buscamos nos dá clareza para navegar pelos desafios do dia a dia. Além disso, a sintonia exige presença – estar verdadeiramente no momento, em vez de se perder em preocupações ou arrependimentos.

Uma Filosofia para o Cotidiano

O poema de Fernando Pessoa pode ser lido como um convite à filosofia aplicada. Ele nos lembra que a vida é um exercício diário de escolhas conscientes, um movimento constante de construção e reconstrução. Em suas palavras simples, há uma sabedoria universal: viva o presente, valorize o que importa, deixe ir o que não lhe serve e priorize sua felicidade.

Essa abordagem não é apenas inspiradora, mas também prática. Ela nos convida a pensar filosoficamente sobre nossas vidas, tomando as rédeas do nosso destino. Em última análise, como afirmou o filósofo Jean-Paul Sartre, “o homem está condenado a ser livre”. Cabe a nós, portanto, usar essa liberdade para construir uma vida que faça sentido.

 

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